Portal: Jornal O Globo
Data: 28/03/2020
Guinada na política econômica contra a crise do coronavírus veio na base da pressão, dizem especialistas
Medidas como financiamento para empresas manterem salários e auxílio financeiro para informais revelam mudança na postura fiscal do governo, avaliam analistas
Dinheiro direto na conta do trabalhador, crédito para empresas bancado majoritariamente pelo Tesouro Nacional, numa injeção de R$ 40 bilhões. As medidas apresentadas pelo governo nesta última sexta-feira revelaram um Executivo bem diferente daquele que anunciou em 11 de março uma lista de projetos de reformas que tramitam no Congresso como o remédio para enfrentar a paralisação da economia diante dos planos para conter a pandemia de coronavírus no Brasil. O mesmo Executivo que há pouco mais de uma semana chegou a propor a suspensão de contratos de trabalho sem pagamento de salário, mas recuou.
Para especialistas houve uma mudança clara, e ela veio na base da pressão. Eles afirmam que o governo foi pressionado a tomar medidas mais efetivas para reduzir a recessão causada pelo isolamento e que demorou a agir para proteger empregos e renda nesse momento inédito de crise sanitária e econômica.
Para a economista Mrgarida Gutierrez, do COPPEAD/UFRJ, não houve mudança na política econômica do governo porque as ferramentas de controle fiscal não foram desmobilizadas. O teto de gastos (que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior) e as metas fiscais permanecem, essa ressalta:
– Nesses últimos 15 dias, a gente subestimou a crise que vinha por aí. À medida em que vai avançando, todo mundo se dá conta do que é o isolamento social. Houve mudança na percepção da destruição econômica que vai acontecer. Vai pipocar mais uma série de medidas para soltar o dinheiro que for preciso para, não evitar a recessão, mas minimizar a recessão. Com esse guarda-chuva da calamidade pública, o governo tem autorização para gastar o que for necessário.
Assessoria de Imprensa: Contextual Comunicação
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